"Vá com calma...mas vá!"


Uma das canções mais lembradas dos sindicalistas norte-americanos
do início deste século, "Falando Sindicalismo" ("Talking Union"), usada durante décadas como o grito de luta para defender os interesses daqueles que trabalham, termina com as palavras "Agora, vai com calma...mas vai!". Acredito que o momento atual inspira o mesmo conselho, embora o contexto seja diferente. Não há nada mais importante hoje para instituições e indivíduos do que aprendizagem (leia-se Educação!) - isto é, a aquisição constante de novos conceitos e conhecimentos para poder trabalhar melhor, lidar de forma melhor com o mundo. Os avanços cada vez mais rápidos da tecnologia estão mudando a maneira de desempenhar das pessoas e das organizações. O profissional que deixa de se atualizar constantemente estará se condenando ao último lugar em tudo, uma candidatura à exclusão total.

Neste contexto, as pressões para modernizar a Educação não diminuirão no futuro próximo, mas aumentarão significativamente. Modernizar não quer dizer apenas colocar um computador na sala de aula. É muito mais do que isso. Significa mudar o conceito do papel da escola na sociedade, o papel do professor na sala de aula, as capacidades e competências que desejamos que os alunos adquiram dentro e fora da escola. Ninguém será poupado da responsabilidade de se situar diante das mudanças que ocorrerão enquanto mudamos de um tipo de educação (representado pelos pecados pedagógicos do passado) para um outro tipo (um que se baseia no aproveitamento das descobertas sobre o funcionamento da mente humana - as ciências cognitivas - e os dispositivos tecnológicos novos que oferecem oportunidades magníficas de intensificar e aprofundar a aprendizagem).

Estamos atualmente num estágio de transição entre velhas e novos configurações da sociedade, da educação, das formas de trabalhar.
Como em qualquer transição, há, naturalmente, aspectos de incertezas, de dúvidas, de relutância em sair do estágio conhecido. A questão é como fazer a mudança gradativamente, para evitar baixas, erros e a perda do que geralmente era considerado bom no passado. Esta coluna, às voltas com
o futuro, pretende levar ao conhecimento do leitor temas ligados a iniciativas
e novidades na área de tecnologia e educação, especialmente com relação às oportunidades que os novos conceitos de aprendizagem humana e as novas formas de trabalhar permitidas pelas novas tecnologias. Quer dizer,
nós vamos com calma, mas nós vamos!

Frederic M. Litto é Coordenador Científico
da Escola do Futuro da USP
e Consultor Acadêmico do Instituto
de Tecnologia ORT de São Paulo
e-mail: frmlitto@usp.br