Se fosse vivo, Albert Einstein agora poderia ser
professor em Nova Iorque


O Conselho Estadual de Educação de Nova Iorque, em 16 de julho de 1998, aprovou uma série de medidas visando a melhoria do ensino e da aprendizagem nas escolas públicas do Estado. Tais medidas tiveram o efeito de eliminar o monopólio das faculdades de educação e o poder corporativista dos sindicatos de professores do Estado. Minhas informações provêm de uma matéria do New York Times, "Albany Ends Lifetime Jobs for Teachers" (Albânia Elimina Empregos Vitalícios para Professores) (17/7/98); dois editoriais do Wall Street Journal, "Who Should Teach?" (Quem Deve Ensinar?) (15 e 17/7/98); e um editorial do New York Post, "New York's Future Got Brighter" (O Futuro de Nova Iorque Melhorou) (18/7/98). Acredito que o assunto devaser considerado um prenúncio de mudanças globais na Educação.

O Estado de Nova Iorque tem uma similaridade e uma não-similaridade com o Estado de São Paulo: tem 200.000 professores da rede pública, e gasta em média US$ 10.000,00 por aluno ao ano. Mas agora, com a premissa de que "melhorar os professores significa melhorar a aprendizagem dos alunos", Nova Iorque resolveu levar a sério a questão de como os professores são "treinados e monitorados durante suas carreiras". Essencialmente, a regulamentação promulgada em julho determina que: fica eliminada a obrigatoriedade de diploma de licenciatura para exercer a profissão de professor no Estado; qualquer pessoa que possua diploma de graduação em qualquer matéria e que seja aprovada em exames sobre o conteúdo da matéria que pretende lecionar e sobre a teoria educacional pode ser professor; qualquer faculdade de educação cujos formandos consistentemente (isto é, abaixo de 80%) sejam reprovados em exames de proficiência profissional, será fechada; a certificação de professores, hoje em caráter vitalício, a partir de setembro de 2000 será por apenas cinco anos, podendo ser renovada se o professor se submeter e for aprovado em 175 horas de educação continuada e se obtiver o título de mestrado profissionalizante (sem tese) no prazo de dois anos (esta exigência atualmente é de cinco anos) após iniciar sua carreira; agora é mais fácil retirar a certificação de professores "por incompetência, omissão de responsabilidade profissional ou insubordinação".

Os editoriais dos jornais citados acima criticam as faculdades nova-iorquinas de educação por enfatizarem excessivamente as técnicas de ensino, psicobabozeira e bla-bla-bla politicamente correto, e por negligenciarem o fato de um professor ter que realmente saber algo antes de poder ensiná-lo a outros. Se houvesse no Brasil um aperto similar por parte da sociedade civil, acredito que as nossas faculdades de educação seriam responsabilizadas por enfatizarem excessivamente a reflexão em vez dos aspectos pragmáticos da sala de aula, por terem se omitido totalmente, nas últimas décadas, na introdução de tecnologia educacional e, mais recentemente, na informática na preparação de professores do futuro. Seria interessante ver quem daria a mais moderna preparação de docentes daqui em diante: faculdades, sindicatos ou outras organizações não tradicionalmente dedicadas a esta missão.

Frederic M. Litto é Coordenador Científico
da Escola do Futuro da USP
e Consultor Acadêmico do Instituto
de Tecnologia ORT de São Paulo
e-mail: frmlitto@usp.br